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Apresentação

O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Maranhão (PPGHIS-UFMA) foi o primeiro Programa de Pós-Graduação na área de História no estado do Maranhão. Até hoje é o único Programa Acadêmico em funcionamento com nota 4 na CAPES. O Programa tem hoje dezenove (19) professores, dezesseis (16) no quadro Permanente, dois (2) professores colaboradores, uma professora visitante internacional. O Programa oferta atualmente 20 vagas para o curso de Mestrado Acadêmico e 12 para o de Doutorado acadêmico. Área de concentração: “História e Conexões Atlânticas: culturas e poderes”. Estudo da circulação oceânica de ideias, pessoas, mercadorias, conhecimentos, crenças, tendências políticas e econômicas entre o norte do Brasil, território da Amazônia Legal, a Europa, o Caribe, as Guianas e a África, entre os séculos XV e XXI. Trata-se não só de análises comparadas entre espaços e territórios das duas margens do oceano, na sua zona equatorial, mas de histórias conectadas, processos de hibridização, intercâmbios culturais e trocas variadas entre as partes envolvidas. Privilegiam-se aqui os processos diaspóricos, os conflitos e as relações transfronteiriças. Desde as últimas décadas do século XX, com a emergência do termo “globalização”, assistimos a emergência de campos historiográficos que visam à superação do fundamento nacional no pensamento historiográfico. Mesmo o fenômeno da nacionalidade passa a ser analisado nos marcos de uma história global e de histórias conectadas, tanto no que diz respeito à sua formação como de sua dinâmica. No caso do Maranhão, em especial, temos um locus especial para se perceber como uma nação tão complexa como o Brasil se constituiu progressivamente de maneira contraditória e complexa, reunindo interesses divergentes que se fundamentam em diversas conexões e quadros internacionais. Assim, no âmbito de uma história atlântica, em especial, não basta apenas enxergar a formação do mundo moderno, a partir do século XVI, apenas no sentido mecânico e eurocêntrico da expansão territorial e econômica desde a Europa, mas na mobilização de subjetividades, trocas materiais e também simbólicas, conexões que não são apenas junções, mas também traduções, transcriações, mestiçagens, conflitividades e assimetrias que marcam o processo de mundialização e da própria ocidentalização – sendo que esta última também não pode ser entendida como via de mão única, embora deva-se ter em conta o papel central que teve a difusão dos livros impressos e da dinâmica capitalista. Nessa história, há o desafio de uma conectividade da própria historiografia tanto na dimensão empírica e heurística como teórico-conceitual, além da perícia nos jogos de escala – tanto para a descrição dos fenômenos históricos (relação entre “local” e “geral”) como na dimensão teórico-metodológica. Linhas de Pesquisa Linguagens, Religiosidades e Culturas Compreende as pesquisas relacionadas ao campo cultural e construção de identidades, tomando a cultura em termos de práticas e representações, atentando, portanto, tanto para o universo simbólico como para o da cultura material, como dimensões relacionadas. Tendo em conta o imperativo da historicidade, é enfatizado não apenas o caráter estruturante (e sincrônico) da cultura e da identidade, mas também seu caráter dinâmico (e diacrônico). Assim, do ponto de vista teórico-metodológico, as abordagens têm como pressuposto a interrelação entre cultura (sistema simbólico articulado) e indivíduos (agentes atravessados por desejos e representações), buscando destacar tanto as práticas culturais como horizonte de conformação simbólica, como também as tensões e arranjos na construção de sentidos e identidades. Do ponto de vista dos temas e objetos, temos as abordagens da religião e das religiosidades; as análises das condições de gênero e do perfil étnico-racial; as configurações e disputas em torno do espaço e da cidade; as práticas socioeconômicas em seu universo tanto material como simbólico, levando em consideração territorialidades e imaginários sociais; as práticas de leitura, de educação, o papel dos intelectuais, escritores e artistas na produção das representações e identidades sociais, bem como na sua problematização; as definições e configurações do patrimônio histórico e da cultura histórica; cultura e meio-ambiente; corpo e corporeidade. Enfim, tendo como norte a produção simbólica e seu compartilhamento como cultura e identidade(s), é através do nível do imaginário social que podem ser abordados também o papel das normas jurídicas e a normatividade presente em vários loci de difusão, tais como a escola, a historiografia, os livros didáticos, a mídia etc. Poderes, Políticas e Sociabilidades Compreende as pesquisas relacionadas às configurações do poder e às relações entre poder(es) e sociabilidades. Tendo em conta as renovações da história política em termos de conceitos e abordagens, o poder é visto tanto no sentido tradicional e ainda relevante do Estado e instituições, como também no sentido da produção e difusão de representações e imaginários através do discurso; o poder é tratado tanto no sentido do seu locus centralizado e/ou centralizador, como também na dimensão dos micropoderes e da cultura política; enfim, o poder diz respeito tanto à formulação, exercício e/ou imposição de normas e obrigações como também à sua legitimação ou legitimidade no nível da cultura política e das práticas sociais – movimentos sociais, relações sociais como família, clientela ou religião etc. Levando-se em consideração tanto a interdisciplinaridade como a abrangência das noções de poder e sociabilidade, a linha de pesquisa abre-se tanto para os estudos referentes às instituições – Estado, partidos políticos, associações etc. – e às práticas políticas no nível do discurso, como também para os estudos referentes ao mundo do trabalho. Nesse sentido, quanto atentamos para a imbricação entre configuração de poder, discursos (ou ideologias) e relações sociais, é importante ter em conta o campo tradicional da economia política, incorporando tanto seus conceitos clássicos como também levando em consideração a dimensão da biopolítica. Do ponto de vista dos temas e objetos, temos as abordagens sobre as instituições e as ideias políticas e sociais, os regimes e sistemas políticos; sobre as relações entre o Estado e a(s) igreja(s); sobre os imaginários sociais e a cultura política; sobre a relação entre poder,representação social (no duplo sentido do termo representação) e sociabilidades; as relações de poder e as redes de sociabilidades, presentes no exercício da autoridade e nas práticas cotidianas, configurando sujeitos históricos coletivos e individuais; ideologias, imaginários, mitos e mitologias políticas; narrativas da modernidade; mundos do trabalho e da produção; o papel de intelectuais, escritores e artistas na legitimação, perspectivação ou contestação do poder, nas teorias, utopias e distopias; as formas de construção da autoridade bem como os movimentos e redes de resistência; micropolítica; a história da historiografia na perspectiva de sua relação com a história das ideais políticas e sociais. Doutorado: O curso de Doutorado, cuja área de concentração é a mesma do Mestrado, “História e Conexões Atlânticas: culturas e poderes”, foi aprovado na 180ª Reunião do CTC-ES CAPES, criado pela Resolução CONSEPE/UFMA Nº 1792, de 30 de novembro de 2018. Na mesma resolução, também, foi aprovado o novo Regimento do Programa. Até o momento da escrita desse relatório, o PPGHIS está em fase de conclusão do seu primeiro Seletivo de Doutorado, oferecendo 12 vagas. O curso de Doutorado oferecido a partir de 2019 pelo PPGHIS tem algumas características singulares que vale a pena ressaltar. Em primeiro lugar, o ineditismo do projeto ao ser o único doutorado das regiões Norte, Nordeste especializado nas áreas de História Global, História Comparada e História do Atlântico. Em segundo lugar, a proposta de Doutorado aprovada é totalmente coerente com o atual perfil da pesquisa desenvolvida pelo corpo docente do Programa. Nesse sentido, cada docente, individualmente e no coletivo das Linhas de Pesquisa e dos Grupos de Pesquisa, mas também nas parcerias nacionais e internacionais, e na produção acadêmica, fornece elementos coadunantes com a área de concentração proposta. A seguir, contextualizamos melhor o curso de doutorado a partir da proposta original apresentada à área de História. O doutorado em História e Conexões atlânticas tem uma relação profunda com a macrorregião formada pela fronteira entre a área setentrional do Nordeste brasileiro e a Amazônia Legal. Antes disso, é possível pensar o Maranhão também a partir de uma perspectiva transregional e latino-americana, dado suas relações históricas com o Caribe e as Guianas. No Maranhão, como parte da Amazônia Legal, convergem diversos fatores, históricos, sociais, culturais e geopolíticos que tornam a região privilegiada para estudos sobre conexões Atlânticas. Entre os séculos XVI e XIX, esta região era uma entidade geográfica na fronteira entre o Caribe, as Guianas e o Brasil. Com efeito, durante todo esse período os contatos marítimos eram mais frequentes com a Europa e com áreas coloniais de fala espanhola, e bem menos facilitados com Pernambuco, Bahia ou Rio de Janeiro. A região não pertence às rotas de navegação do Atlântico Sul, sendo mais apropriado considerar o Maranhão como parte dos circuitos do Atlântico Norte, fronteira oceânica que poderia ser chamado de Atlântico equatorial. A vocação oceânica natural deste território ensejou a recepção de diversas tendências políticas, culturais e artísticas de diferentes partes, formando um mosaico ainda pouco estudado pela historiografia nacional, cujas similitudes com a formação social e econômica das demais regiões equatoriais do Atlântico são relevantes. Ao mesmo tempo, as conexões com a África parecem peculiares na medida em que, ao contrário de Pernambuco ou Bahia, bem mais ligados aos circuitos do Atlântico Sul, no Maranhão os territórios da Guiné Equatorial tem certa prevalência em relação a Angola. No âmbito regional, o doutorado recém criado é inédito. Não há equivalentes na grande região do Norte-Nordeste e Amazônia Legal. Embora a proposta esteja presente em projetos de pesquisas, Grupos de Pesquisa, Disciplinas de Pós-graduação e, eventualmente, em Linhas de Pesquisa, não há um curso específico cujo cerne seja o estudo sobre o Atlântico em perspectiva comparada. brasileiro, latino-americano e mundial, mas também da capacidade do seu corpo docente de estabelecer interações com outras instituições e atrair alunos egressos de outros estados. Assim, nos mais diversos aspectos, esta proposta é inovadora, original e consoante com a produção de discentes e docentes em História da UFMA.

Endereços

  • Endereço físico
  • Cidade Universitária Dom Delgado - Centro de Ciências Humanas - Bloco 1, Sala 1

  • Site oficial
  • http://www.ppghis.ufma.br/

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